quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Os escravos e a proclamação da República em Canguaretama



 Os escravos de Canguaretama foram libertos a 4 de março de 1888, dois meses e 9 dias antes da proclamação oficial. Uma sessão solene marcou o evento, que ocorreu no salão do Paço Municipal e contou com a presença das autoridades do município. Os escravos já não representavam vantagens para os proprietários da época e a solenidade serviu apenas para registrar o fato da ausência de cativos no município.
Esse evento serviu de inspiração para a proclamação da República, que foi comemorada em uma solenidade ocorrida em 18 de novembro de 1889 no recinto da Câmara Municipal. A Comissão Proclamadora aproveitou o momento para ler as mensagens enviadas pelo Governo Provisório Central e pelo Governo Provisório da Província.
O atraso de três dias nas comemorações foi devido a lentidão nas comunicações da época. A notícia chegou primeiro a Natal, no dia 17, em um telegrama enviado por Aristides Lobo. Mesmo que Canguaretama tenha se configurado como um dos centros do republicanismo potiguar, não havia uma tradição antimonárquica conhecida no município. Esse foi um movimento iniciado na véspera do acontecimento, com a fundação do Clube Republicano.
Fabrício Maranhão foi a figura central do evento. Político experiente e poderoso desde a época monárquica, ele usou os eventos da libertação dos escravos e da proclamação da República para se projetar como líder local. O regime republicano se configurou não só como um modelo político, mas também como um modelo social. Seus ideais eram confundidos com o progresso que chegou pelo fortalecimento do capitalismo industrial.
A iluminação pública em Canguaretama foi um símbolo dessa modernidade. A primeira tentativa de iluminar o centro da cidade ocorreu em 1872, quando foi criado um Serviço de Iluminação Pública à querosene. Nas noites de lua cheia os candeeiros eram apagados. Essa iluminação pública já era feita com lâmpadas elétricas em 1925, sendo o fornecimento feito por uma empresa privada pertencente a Guilherme Gouveia. Uma caldeira fornecia eletricidade apenas para o centro da cidade.
Por volta de 1930 a empresa de fornecimento de energia elétrica já pertencia a Romualdo Francisco Ambrósio. Era um motor movido a diesel que fornecia eletricidade para as casas e iluminava as ruas do centro da cidade. A camada mais pobre não tinha o conforto da eletricidade em seus lares. A cidade recebia eletricidade apenas nos horários entre 18 e 22 horas, as lâmpadas iluminavam pouco e o preço era alto.
A energia das hidrelétricas só chegou à Canguaretama em 27 de setembro de 1965, através da COSERN. Com a popularização desse tipo de energia, quase todos os lares do município estão eletrificados atualmente.

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