quinta-feira, 26 de maio de 2011

Agora pegou geral

RN tem mais de 16 mil servidores públicos em greve

Publicação: 26/05/2011 08:12

De Sérgio Henrique Santos especial para o Diário de Natal
O cenário era diferente das repartições públicas usuais. Não havia birôs, poltronas, nem crucifixos na parede, tampouco condicionador de ar ou computadores, nem documentos para despachar e pessoas para atender. Representantes de cerca de 16 mil servidores públicos em greve foram à Governadoria ontem, debaixo de chuva, protestar contra a administração estadual. Aos gritos de "queremos nosso plano", eles reivindicavam o aumento previsto no Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos de 12 categorias da administração indireta. Santino Arruda, presidente do Sindicato da Administração Indireta (Sinai), comandava a multidão. Haviam servidores da Fundação José Augusto (FJA), Extensão Rural (Emater), Meio Ambiente (Idema), Estradas e Rodagens (DER), Trânsito (Detran) e da Junta Comercial (Jucern), que já estão paralisados, e de outras entidades como Secretaria de Reforma Agrária (Seara), Fiscalização Agropecuária (Idiarn), Procuradoria (PGE), Controladoria (Control)e Pesquisa Agropecuária (Emparn). Como a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) não estava na Governadoria, representantes de cada uma das categorias foram recebidos, a portas fechadas, pelos secretários da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes, e José Anselmo, da administração. Os grevistas protestam contra o fato de que o governo culpa as administrações anteriores pelo caos no serviço público e pela onda de greves nos últimos dias. "Não é verdade que a administração não possa pagar. O orçamento estadual teve um aumento de 22% neste ano, e, deste total, 17% para gastos com pessoal. Além disso, a arrecadação média é 13% superior ao ano passado", argumentou Santino Arruda. O governo, no entanto, permanece sem atender às reivindicações dos grevistas. "Não se constróem diálogos se os serviços que atendem à sociedade continuam paralisados", afirmou o secretário de Comunicação, Alexandre Mulatinho. Acompanhe o andamento e os números das paralisações O DN fez um levantamento para quantificar os prejuízos causados à população por causa das principais greves no serviço público em Natal e no Rio Grande do Norte. Polícia Civil Total: 1.387 agentes Onde eles atuam: nas delegacias de polícia de todo o Estado, serviços de investigação e inteligência, Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), quadros administrativos e Secretaria de Segurança Pública (Sesed). Serviço emergencial: só está sendo feito o que é inadiável, como lavraturas de flagrantes delitos Principal serviço prejudicado: Boletins de Ocorrência (B.O's). "Em delegacias maiores, como as 1ª DP de Natal e e a de Parnamirim, se faziam em média 100 a 120 B.O's por dia. Hoje, nenhum é feito", diz Francisco José Souza Alves, diretor do Sinpol. Detran Total: 260 servidores estaduais (160 apenas em Natal) Onde eles atuam: no registro de novos condutores, automóveis novos e usados, mudança de proprietários, emplacamento, multas de trânsito Serviço emergencial: 440 pessoas continuam trabalhando nos Detrans, mas apenas em serviços complementares. São 80 funcionários com cargos comissionados, prestadores de serviços terceirizados, bolsistas e estagiários Principal serviço prejudicado: emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). "Hoje apenas 40 processos de registro são abertos diariamente, quando a média normal é 300", afirmou Santino Arruda, do Sinai. Junta Comercial Total: 30 servidores estaduais Onde eles atuam: abertura, alterações de nome, extinção e reativação de empresas. Atuam tanto junto ao comércio quanto da indústria Serviço emergencial: nenhum Principal serviço prejudicado: constituição das empresas. No primeiro trimestre do ano, 2.566 empresas foram alteradas e 504 extintas. Professores Total: 14 mil educadores Onde eles atuam: nas 736 escolas da rede estadual, tanto em sala de aula quanto em salas de multimeios, de leitura, laboratórios de informática, física, química e biologia Serviço emergencial: aulas continuam sendo ministradas para 40 mil estudantes por professorescontratados ou estagiários, que não pertencem ao quadro efetivo Principal serviço prejudicado: aulas. Hoje, 270 mil alunos estão sem frequentar a escola no Rio Grande do Norte. "Considero mais grave o caso dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, que se preparam para exames como ENEM e vestibular. Mesmo com a greve, o déficit de professores é grande. Este é mais um componente de falta de respeito do governo com a educação", afirma Fátima Cardoso, do Sinte. Fundação José Augusto Total: 600 Onde eles atuam: Casas de Cultura, grupos artísticos, Pinacoteca do Estado, teatros Alberto Maranhão e Teatro de Cultura Popular, Biblioteca Câmara Cascudo, Cidade da Criança, museus, entre outros Serviço emergencial: 30% dos serviços administrativos Principal serviço prejudicado: visitação ao Forte dos Reis Magos, por onde passam 2 mil turistas diariamente. "O Forte ficará fechado, assim como o TAM, que recebe 600 pessoas por evento, a Biblioteca Câmara Cascudo e a Pinacoteca do Estado", destacou Alberto Araújo, da FJA.
Idema Total: 200 Onde eles atuam: no licenciamento ambiental de obras, fiscalização e atendimento ao público Serviço emergencial: 30% dos serviços (especialmente na emissão das licenças) Principal serviço prejudicado: fiscalização ambiental, possibilitando o surgimento de crimes relacionados ao meio ambiente. "Vamos respeitar a lei de greve. Não é justo prejudicar quem quer fazer sua obra, por exemplo. Nossa greve será ordeira e pacífica, sem baderna", anunciou José Campero, técnico do Idema.

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